sábado, 23 de agosto de 2008

O Significado Bíblico da Palavra "Besta"

A Bíblia Sagrada utiliza-se do termo besta, fera ou besta-fera ao se referir a nações poderosas, poderes despóticos, geralmente representados por animais ferozes, sem similares na fauna universal. Dentre as bestas mencionadas na Bíblia, as mais conhecidas são as que são referidas nos capítulos 13 e 17 do livro do Apocalipse, e que representam a mesma mencionada por Daniel, que se referem e têm relação com o quarto império mundial. Este, como já foi mencionado, é Roma, como será mostrado na sequência deste estudo. Tal fato é reconhecido até pela própria igreja que tem nela a sua sede e que ostenta o seu nome.

No capítulo sétimo das profecias de Daniel, o profeta relata o primeiro de seus sonhos relativos aos animais representativos dos impérios, as bestas mencionadas: “Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu combatiam no mar grande. E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão, e tinha asas de águia” (Daniel 7:2-4).

“Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne” (Daniel 7:5).

“Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro (o terceiro) semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio” (Daniel 7:6).

“Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez pontas (ou chifres). Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homens, e uma boca que falava grandiosamente” (Daniel 7:7-8).

A profecia não deixa dúvidas quanto à natureza destes grandes animais simbólicos, afirmando categoricamente: “Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reinos, que se levantarão da Terra” (Daniel 7:17). Depois de identificar estes animais, iremos considerar o quarto animal, que Daniel desejou conhecer com detalhes, como está escrito: “Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, e as suas unhas de metal, que devorava, fazia em pedaços e pisava a pés o que sobrava (Daniel 7:19).

Estes animais apresentados na profecia eram simbólicos das nações ou reinos que representavam. Para simplificar iremos mencionar a visão de um carneiro e de um bode que o profeta recebeu e que identificarão, em sua seqüência, os reinos já referidos.

Daniel diz: “E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a outra; e a mais alta subiu por último. Vi que o carneiro dava marradas para o Ocidente e para o Norte e para o meio-dia; e nenhuns animais podiam estar diante dele, nem havia quem pudesse livrar-se de sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia” (Daniel 8:3-4).

“E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do Ocidente sobre toda a Terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos; e dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio, e correu contra ele com todo o ímpeto da sua força. E o vi chegar perto do carneiro, e irritar-se contra ele; e feriu o carneiro, e lhe quebrou as duas pontas, pois não havia força no carneiro para parar diante dele; e o lançou por terra, e o pisou a pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão. E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (Daniel 8:5-8).

A identificação dos impérios representados pelas bestas da profecia é feita pela própria Bíblia Sagrada: “Aquele carneiro que viste com duas pontas são os reis da Média e da Pérsia; mas o bode peludo é o reino da Grécia; e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro. O ter sido quebrada, levantando-se quatro em lugar dela, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dela (Daniel 8:20-22).

A História confirma com assombrosa fidelidade o cumprimento destas profecias. O império babilônico, representado pela cabeça de ouro da estátua e pelo leão alado, nominalmente citado como o primeiro dos quatro, foi subvertido já nos dias de Daniel.

Na última noite da existência deste império, durante um banquete profano promovido por Belsazar, seu último soberano, foi a palavra de Deus declarou, em resposta a um pedido do rei: “Contou Deus o teu reino, e o acabou. Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Dividido foi o teu reino, e deu-se aos medos e aos persas” (Daniel 5:26-28). E concluem as Escrituras: “Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus. E Dario, o medo, ocupou o reino, na idade de sessenta e dois anos” (Daniel 5:30-31).

O soberano da Média, Dario, e seu sobrinho, Ciro, o Grande, rei da Pérsia, unidos, conquistaram o império babilônico no ano de 538 a.C., fato histórico comprovado por qualquer enciclopédia ou compêndio escolar. Simbolizados pelo peito e braços de prata da estátua, os medos e persas são também representados pelo carneiro com dois chifres ou pontas, que são símbolo de domínio ou poder: a ponta maior é a persa, de Ciro, e a menor, a meda, de Dario. Para maior ênfase, foram ainda simbolizados pelo urso profético. Além de Babilônia, os medos e persas conquistaram a Lídia, do riquíssimo Creso e o Egito.

Estas suas três principais conquistas representam as três costelas que o urso simbólico trazia entre os dentes. O predomínio do império medo-persa, o segundo império anunciado na profecia, foi até ao ano de 331 a.C., estendendo-se por um período de mais de dois séculos, desde o ano de 538 a.C.

Segundo a História, a Média era suprema no Oriente, mesmo sobre a Pérsia, à qual dominava. Entretanto, Ciro, o Grande, soberano persa, ergueu-se em armas e depôs do trono medo a seu avô, Astiages. Unindo-se a seu tio Dario, o medo, dividiu com ele o poder até a sua morte, quando passou a reinar absoluto. Por esta razão a profecia indica que a ponta menor (Pérsia) que subiu por último cresceu mais que a ponta primeira (Média) (Daniel 8:3).

Ciro foi sucedido por seu filho Cambises, que reinou de 529 a 522 a.C. Em seu lugar ocupou o trono Artaxerxes I, o falso Smerdis, que teve um reinado efêmero. Tendo ocupado o trono pela fraude, foi descoberto e morto. Assumiu em seu lugar Dario Hystapes, em 521 a.C., governando até 484 a.C., quando foi sucedido por seu filho Xerxes, o Grande. Assumindo o trono com 34 anos, reinou até 465 a.C. , quando seu filho Artaxerxes I, Longímano, herdou o trono, reinando até 422 a.C. Foi ele quem assinou o decreto de reconstrução de Jerusalém, que deu início ao período profético das setenta semanas e dos 2.300 dias (Daniel 9:24-25 e 8:14).

Na seqüência reinaram Xerxes II, por apenas 45 dias, Dario II, Ochus (422 a 406 a.C.), Artaxerxes II, Arsaces (406 a 359 a.C.), Artaxerxes III, Ochus (359 a 338 a.C.) e Dario III, Codomano (338 a 331 a.C.). Este foi o décimo e último soberano persa, derrotado por Alexandre, o Grande, o conquistador grego que dominou o mundo todo com apenas 32 anos de idade.

O terceiro império relatado nas Sagradas Escrituras, que já fora simbolizado pelo ventre e coxas de cobre da estátua, é representado primeiramente por um leopardo com quatro asas e quatro cabeças. É representado, também, por um bode, que era o símbolo nacional da Grécia. As quatro asas do leopardo e o fato de que o bode vinha do Ocidente sobre toda a Terra, mas sem tocar o chão, representa a fulminante campanha de conquistas de Alexandre, o Grande, que é referido na profecia como a ponta grande que o bode tinha entre os olhos. A surpreendente e extraordinária rapidez destas conquistas assombrou o mundo e até hoje constituem motivo de admiração dos historiadores.

Alexandre fulminou os persas nas conhecidas batalhas de Granico, em maio de 334 a.C., Ipso, em 29 de novembro de 333 a.C. e na decisiva batalha de Arbelas, em 2 de outubro de 331 a.C., quando, com apenas 50.000 homens derrotou o exército do rei Dario Codomano, que possuía 1.000.000 de soldados de infantaria e 200.000 soldados de cavalaria.

Mas, no auge de sua glória e no apogeu de suas conquistas, Alexandre foi acometido de um mal súbito e morreu em 13 de junho de 323 a.C., com apenas 32 anos de idade. A profecia que não falha estabelecera, descortinando o futuro: “estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram em seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (Daniel 8:8).

É assombroso o testemunho da História Universal, legitimando e confirmando o texto sagrado: “Dos quatro reinos em que estava dividido já em 301 a.C. com Antígono, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu só dois subsistiram até as conquistas romanas efetivadas no primeiro século da Era Cristã: um foi o dos Selêucidas, compreendendo a Síria, a Mesopotâmia, a Média, a Pérsia e a Armênia; outro foi o dos Ptolomeus, fixado no Egito” (Grandes Personagens da História Universal, Alexandre , p. 92 , Editora Abril). Estes quatro generais representam as quatro pontas, isto é, os quatro reinos em que foi dividido o império de Alexandre, como está escrito: “e subiram no seu lugar quatro também notáveis...” (Daniel 8:8).

A divisão original do império ficou, então, assim distribuída entre os generais de Alexandre: a Cassandro, que substituiu a Antígono, coube a Grécia e a Macedônia; a Lisímaco, a Trácia e Bitínia; a Ptolomeu, o Egito, Líbia, Arábia, Palestina, Cele-Síria e a Ilha de Chipre; finalmente, a Seleuco Nicator, coube a Síria, parte da Ásia Menor e as províncias orientais.

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