Apocalipse


Apocalipse Simplificado - Introdução e propósito

O livro do Apocalipse é o último da Bíblia Sagrada. É um livro profético onde estão contidas as informações dos mais importantes fatos relacionados com os últimos dois milênios, desde os primórdios do cristianismo, até ao final da história da humanidade. Ele contém lições extraordinárias e declara o que acontecerá nos últimos dias. Ele promete, de maneira enfática: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas” (Apocalipse 1:3).

Suas informações são consideradas por quase todos os que pretendem estudá-las, compreender e interpretá-las, como impenetráveis, obscuras e de difícil ou mesmo impossível entendimento.

Não foi esse o propósito de Deus ao dá-las ao homem, por meio de Seu apóstolo. A própria palavra que designa o livro significa REVELAÇÃO. Consideradas as circunstâncias e o período em que foram concedidas, essas predições ou profecias tiveram que ser confiadas ao profeta por meio de símbolos. Não fosse assim, certamente as autoridades que governavam o mundo na ocasião e as que lhes sucederiam desfeririam contra as mesmas seus ataques mortais, com o objetivo de extirpá-las e impedir o objetivo do Revelador.

Isto porque as mais extraordinárias, chocantes e contundentes acusações recaem exatamente sobre essas mesmas autoridades, desnudando-lhes a hipocrisia, a mentira, o embuste, a falsificação da verdade e sobre elas anunciando os juízos terríveis que serão o resultado justo, a colheita de sua nefasta semeadura.

Para sua compreensão é necessário o conhecimento da história da civilização nos três últimos milênios, principalmente a história de Roma, em sua fase imperial e papal e em especial no seu aspecto político e religioso. E que ele seja estudado em conformidade com o livro do profeta Daniel, pois ambos se relacionam com os mesmos assuntos.

O Apocalipse é nada mais, nada menos, do que a seqüência e, em muitos casos, a reprodução do livro de Daniel que pode muito apropriadamente ser chamado e considerado como o “Apocalipse do Antigo Testamento”.

A diferença fundamental entre os dois livros proféticos está no fato de que a Daniel foram mostrados quatro impérios de extensão mundial: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. Estes impérios foram representados de maneira clara, com a expressa citação nominal dos três primeiros, por símbolos de uma estátua e de quatro animais.

No Apocalipse, ao apóstolo João somente um império foi mostrado, o quarto. Isto, pela simples razão de que os três primeiros já pertenciam ao passado. Eles tinham sido sucessivamente conquistados e subvertidos, restando apenas o quarto e último, Roma.

A história desse último império, desde a sua ascensão há mais de dois mil anos até ao fim dos séculos, está admirável e surpreendentemente descrita em seus aspectos mais notáveis e importantes nas predições que o próprio Senhor Jesus nos deixou por meio de Seu profeta, o Apóstolo João, o discípulo amado.

Ao ser estudado e compreendido, o Livro do Apocalipse já não será mais um poço insondável e misterioso, mas a cristalina e coerente verdade, a revelação de toda a história do cristianismo, dos dias do cativeiro de João até à volta de Jesus e do fim do mundo, como o Mestre e Salvador ensinou. Ele mostra que a visão que Cristo apresentou a João, apresentando os mandamentos de Deus, a fé de Jesus e o juízo devem ser de forma clara proclamadas ao mundo

Nesse livro extraordinário está revelado o propósito original de Deus de retornar o homem ao primeiro domínio, numa nova terra recriada à perfeição e pureza originais, onde não haverá nem morte, nem pranto e nem dor, verdades que estão claramente delineadas nas profecias estudadas.

Todavia, antes da consumação desse propósito haverá um tempo de angústia e tribulação como nunca existiu antes na história da humanidade. Os perigos dos últimos dias estão sobre o mundo. Esta é a grande advertência do livro e constitui sagrado dever dos cristãos divulgá-la.

Roma (o Vaticano) e os Estados Unidos da América são as duas potências que se unirão, tanto no aspecto político e religioso, quanto na ideologia autoritária e conservadora, para deflagrar o último ato da história deste mundo. Terão como aliadas as igrejas que se afastaram da pureza original do Evangelho Eterno e que são apresentadas como tendo caído de seu estado espiritual, confederação que a Bíblia chama de Babilônia. Os acontecimentos atuais dão testemunho infalível do que está prestes a acontecer. É uma verdade que não pode ser contraditada.


A cada semana, nas segundas-feiras é propósito desse site postar um capítulo, delineando de forma simples e esclarecedora os principais tópicos desse maravilhoso livro.

Fica aqui o convite para você acompanhar e opinar, dando sugestões e apresentando suas críticas.


Primeiro Capítulo 

O primeiro capítulo é a introdução do livro. E ele deve ser estudado como quem resolve um quebra-cabeça. É necessário que haja coerência e racionalismo para o seu estudo. O termo APOCALIPSE vem de dois vocábulos gregos: APO ocultar e CALIPSE descobrir. No Novo Testamento a palavra Apocalipse é registrada dezoito vezes. Em doze oportunidades é traduzida por revelação. Em nenhum caso foi ela traduzida por mistério ou ocultamento.

Nenhum outro livro da Bíblia foi tão solenemente apresentado ou introduzido. Em sua apresentação é claramente distinguida a sua origem e destino, quem o enviou e para quem é ele dirigido. Eis a sua apresentação: “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus Lhe deu, para mostrar aos Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo Seu anjo as enviou, e as notificou a João, Seu servo; bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Apocalipse 1:1 e 3).

Estão categoricamente afirmadas, nesta introdução, várias verdades que precisam ser claramente manifestadas. A primeira é que este é o livro da REVELAÇÃO.

A segunda, é que o Revelador é o próprio Senhor Jesus Cristo. Ele Se apresenta entre sete igrejas simbólicas representadas por sete castiçais, que indicam sete períodos históridas da trajetória da igreja cristã desde os dias em que foi dada a revelação até à Sua volta, prometida e aguardada por todos aqueles que O aceitam como seu Senhor e Salvador.

A terceira é que esta revelação é destinada aos Seus servos. Para os outros, é um livro ininteligível, confuso e oculto. Servos Seus são todos os que, livremente O aceitam como seu Salvador, tornando-se pela fé vencedores com Cristo e obedientes a toda a Sua verdade revelada.

A quarta é que esta revelação não se referia a um futuro distante e intangível, mas, segundo a Palavra Sagrada, ela deveria brevemente acontecer. E, finalmente, não pode ser esquecida a bênção manifestada e que acompanha ao que lê, ouve e guarda as coisas que nela estão escritas. E é importante notar que é reiterada a mensagem: porque o tempo está próximo (verso 3).

João, chamado nas Escrituras de o Discípulo Amado, escreveu já em idade avançada as mensagens da Revelação em Patmos, uma inóspita, árida e rochosa ilha no Mar Egeu, para onde eram desterrados criminosos e inimigos do Império Romano. Ele foi para ali banido no ano 94 d.C., pelo imperador Domiciano, um dos maiores perseguidores e ferrenho inimigo do Cristianismo e que pretendeu destruir a fé cristã.

A época em que o Apocalipse foi escrito - final do primeiro século da era cristã - registra o apogeu do Império. Roma dominava então o mundo todo, com mão de ferro, e o imperador reinava sobre todos os reis da Terra.

É de importância fundamental que a atenção dos estudiosos se volte para um aspecto que não pode ser ignorado na profecia bíblica: O livro do Apocalipse retrata fielmente, como só a inspiração poderia fazê-lo, o mesmo poder registrado no livro de Daniel, ao referir-se ao Império Romano e ao poder anticristão que o sucedeu.

O Apocalipse registra apenas um dos animais mencionados por Daniel: o quarto, representativo de Roma. Por que razão os demais não foram mencionados? Pelo simples fato de que já tinham tido existência e cumprimento na história.

A profecia é o futuro descortinado pela presciência divina. Muitas das coisas que Daniel viu e escreveu, estando no futuro, nos dias de João já pertencia ao passado. Os reinos de Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia já haviam passado, sido subvertidos, e pertenciam à História.

Dois aspectos fundamentais mencionados no primeiro capítulo são os que dizem respeito ao Revelador. Ele promete que virá com as nuvens e que todo o olho O verá (verso 7), repetindo e reiterando a Sua promessa feita inúmeras vezes de que voltará, em glória, para completar o plano da redenção. Ele voltará não mais como um homem de dores, pobre, humilde e sofredor, mas como o Rei dos reis e Senhor dos Senhores, cujo aspecto glorioso é retratado nos versos 14 a 16 do capítulo primeiro.

Ele, o Senhor Jesus Cristo, afirma que foi morto, mas que reviveu e está vivo para todo o sempre. Em seguida Ele proclama a essência do livro e a base de toda a Bíblia Sagrada: Que tem a chave da morte e da sepultura, isto é, em Suas mãos Ele tem o poder de trazer de volta todos aqueles que foram mortos, de todos os tempos e lugares, através da ressurreição, a mais extraordinária e maravilhosa de todas as verdades bíblicas. Eis suas palavras: “Eu sou o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do hades (Palavra grega que significa sepultura). Verso 18.

Assim começa o último livro das Sagradas Escrituras.


Segundo Capítulo - Primeira Parte

A TRAJETÓRIA DO CRISTIANISMO NA HISTÓRIA – AS SETE IGREJAS -

O cristianismo é hoje a maior força religiosa do planeta. Mais de dois bilhões de pessoas ou cerca de um terço das pessoas no mundo são - ou se dizem - cristãos. Mas ao fazermos uma análise séria e crítica podemos notar o imenso abismo que divide os milhares de correntes que compõem este segmento religioso. Na verdade parece mesmo que não existe um Cristo, mas uma infinidade de “cristos”, tal a diversidade dos ensinos e das doutrinas que assombram um expectador isento que procure entender ou compreender a razão de tantas diferenças de cultos, práticas e dogmas existentes entre seus seguidores.

Existe hoje, entre tantas igrejas, uma que seja a igreja verdadeira, estabelecida pelo próprio Jesus ou por Ele reconhecida? A resposta está na própria Bíblia e é Jesus mesmo quem a fornece. Ao final desse estudo ela será percebida, sem nenhuma dúvida, provida por Sua Palavra Sagrada.

Mas nem sempre foi assim. No princípio Jesus chamou de “igreja” à comunidade dos seus discípulos e seguidores. Eles eram reconhecidos por seu comportamento manso e afável e honestidade exemplar, imitadores que eram de seu Mestre. Seu reino não era deste mundo, mas era aquele que Jesus fora preparar, o qual aguardavam segundo a Sua promessa (João 14:1-3).

A igreja primitiva foi rotulada de “seita: “Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas” (Atos 24:14). E com o propósito de desacreditá-la e lançar sobre ela escárnio e vitupério, seus inimigos e detratores chamavam-na de “ a seita dos Nazarenos”. Perseguindo o apóstolo Paulo, assim o acusavam: “Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos nazarenos” (Atos 24:5).

Deus antecipou a trajetória de seu povo desde aquela época até ao final de sua história na terra, no livro do Apocalipse. É inspirador o fato de que em tão poucas linhas a presciência divina resumiu os principais acontecimentos que marcaram o percurso de Sua Igreja através dos séculos. Por meio de sete cartas a igrejas simbólicas ele descortinou o seu futuro que chega até nós e vai mais além, até a consumação final.

Na primeira carta Jesus retratou a pureza dos tempos apostólicos, escrevendo à igreja de Éfeso (Apocalipse 2:1-7), cujo período se estendeu até ao final do primeiro século, por volta do ano 100, quando morreu o último dos apóstolos, aquele que foi o escolhido para transmitir a mensagem do Revelador - João, conhecido como o discípulo amado.

Foi nesse período que os seguidores de Jesus foram pela primeira vez chamados  cristãos na cidade de Antioquia, ainda no primeiro século (Atos 11:26).

A segunda carta, destinada à igreja de Esmirna (Apocalipse 2:8-11), revela a grande tribulação que estava reservada aos seguidores de Jesus. Os cristãos eram então, por causa de seu testemunho, impiedosamente atirados às feras no circo romano, crucificados, queimados e violentados.

 Nessa carta é mencionada literalmente a maior e mais sangrenta de todas as perseguições imperiais, chamada de “a Grande Perseguição”, dirigida pelo imperador Diocleciano, que durou dez longos e terríveis anos, desde 303 até 313. Mesmo debaixo das maiores provações a igreja permaneceu fiel, ainda que contaminada por muitos falsos cristãos que se diziam pertencentes à igreja de Cristo, mas na verdade era a sinagoga de Satanás.

No ano de 313 cessaram as perseguições e findou o segundo período profético da igreja cristã. Um edito imperial fez cessar todas as perseguições. Era o início do terceiro período profético da igreja.

A terceira carta, dirigida à igreja de Pérgamo, marca o início da elevação da igreja, em todos os sentidos - menos o espiritual - ou a dramática mudança da sua condição de pobreza, pureza e objeto de escárnio e perseguição, para a de riqueza, honra e poder. Esse período tem início com a conveniente “conversão” do imperador Constantino ao cristianismo.

O Edito de Milão, promulgado por Constantino em 313 e conhecido como Edito daTolerância concedeu liberdade de culto a todas as religiões. O próprio imperador, por conveniência política, aderiu ao cristianismo, assumindo a liderança da igreja cristã e sendo reconhecido como o Décimo Terceiro Apóstolo, mesmo sendo um homicida cruel, licencioso e sanguinário. O imperador romano detinha, então, entre os seus títulos, o de Pontífice Máximo.

Nesse período do cristianismo, que ficou conhecido como o período dos imperadores, as práticas pagãs começaram a corromper a igreja. As imagens dos deuses foram sendo substituídas pelas dos apóstolos e líderes destacados, considerados santos. Todas as práticas e rituais do paganismo foram sendo paulatinamente absorvidos pela liturgia do novo cristianismo. A igreja que era apostólica e cristã trocou o nome do Seu fundador – Cristo - e o substituiu pelo nome do seu sedutor - Roma.

No dia 7 de março do ano 321 Constantino promulgou um decreto estabelecendo a obrigatoriedade de todo cidadão do império guardar o dia do sol - o primeiro dia da semana. Este decreto que fez com que a guarda deste dia substituísse paulatinamente o dia de guarda até então observado – o sábado, ou o sétimo dia da semana.

O chamado Édito de Constantino foi uma legislação proclamada em 7 de março de 321, cujo texto determina:

"Que todos os juízes, e todos os habitantes da Cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu." (in: Codex Justinianus, lib. 13, it. 12, par. 2.).


Esse imperador foi quem convocou e presidiu o primeiro concílio da igreja deRoma, em Niceia - no ano de 325 - que entre outros dogmas estabeleceu o credo niceno, que perdura até hoje e incluiu entre as doutrinas da igreja o dia que ele havia decretado que devesse ser observado e guardado - o primeiro dia da semana, ou o venerável dia do deus-sol, confirmando na esfera religiosa o que decretara na esfera política.

Posteriormente, o Concílio de Laodiceia, realizado no ano de 364 reconfirmava a guarda do domingo que foi definitivamente incorporada à igreja e anatematizava a guarda do sábado através do Cânon 29, que estabelece: “Os cristãos não devem judaizar e descansar no sábado, mas sim trabalhar nesse dia; devem honrar e descansar se possível, como cristãos. Se, entretanto, forem encontrados judaizando, sejam excomungados por Cristo”. Esta é uma verdade histórica que não pode ser negada, mas que está firmemente registrada nas enciclopédias e compêndios. A Wikipedia a registra. Basta seguir o link e comprovar o que está firmemente descortinado na História.

Esta carta afirma que nessa igreja - e nesse período - Satanás estabeleceria o seu trono e ali habitaria. O que ele não conseguira pela crueldade e perseguição atroz, obteve pelo engano e pela sedução, levando prosperidade, honra e poder aos líderes cristãos. Poucos anos depois, em 380, o Imperador Teodósio I tornou o cristianismo a religião oficial do império romano, pelo Edito de Tessalônica.  Este imperador foi quem determinou que fosse acrescentada a expressão católica - que significa universal - ao nome da igreja.

Foi quando a igreja deixou de ostentar o nome do seu fundador e passou a ser chamada pelo nome do seu sedutor. Daí o nome que perdura até hoje: Igreja Católica Apostólica Romana.

Os imperadores dominaram sobre a igreja até ao ano de 538, a partir de quando houve uma inversão do poder e da hegemonia. O Édito de Tessalônica, também conhecido como "Cunctos Populos" ou De Fide Catolica foi decretado pelo imperador Teodósio em 27 de fevereiro de 380 pelo qual estabeleceu que a "religião católica" se tornasse a religião de estado exclusiva do Império Romano, que fossem abolidas todas as práticas politeístas e que fossem fechados os templos pagãos.

Foi um período de tão grande apostasia que Jesus identifica sua localização no tempo e no espaço como sendo o lugar onde está o trono de Satanás.  De todos os imperadores desse período os que mais se destacaram em sua influência com relação à igreja foram Constantino, Teodósio e Justiniano. Nessa época os bispados mais importantes e que se rivalizavam na disputa pelo poder eram os das cidades de Roma, Constantinopla, Jerusalém, Alexandria e Antioquia.

Um decreto do imperador Justiniano determinou, no ano de 533, que o Bispo de Roma tivesse predominância sobre todos os outros e que fosse considerado como “cabeça de todas as igrejas”. Este decreto não teve eficácia e cumprimento imediato porque a cidade de Roma era então objeto de terrível oposição e assédio por parte de invasores bárbaros germânicos, a nação dos ostrogodos. Sua ariana os fazia mortais inimigos do clero romano. A derrota dos Ostrogodos marca o fim do período de domínio dos imperadores sobre a igreja e inicia o início do quarto período, o de domínio dos papas.

A quarta carta, destinada à igreja de Tiatira (Apocalipse 2:18-29) identifica o período de domínio dos papas. Ele começou no ano 538 quando entrou em vigor o decreto do imperador Justiniano, promulgado em 533, determinando que o bispo de Roma fosse “cabeça” de todos os bispados do império.

No mês de março de 538, quando os ostrogodos foram derrotados ao sitiar a cidade de Roma, foi derrubada a última barreira para a definitiva ascensão do seu bispo à condição de chefe universal da igreja. Os bispados de Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Jerusalém que lhe faziam frente estavam pacificados. Os reinos bárbaros arianos que lhe eram contrários – Hérulos, Vândalos e Ostrogodos - estavam definitivamente vencidos. Todos os obstáculos ao seu domínio estavam derrubados. Começava o mais longo – e o mais triste - período da igreja, que é conhecido como o período dos papas, que durou até o ano de 1.798.

Clóvis, ou Clodoveu, o rei dos francos (a França atual), converteu-se ao cristianismo-catolicismo com todo o seu poderoso exército e armou os braços do papado em ascensão. Seus sucessores, especialmente Pepino, o Breve e seu Filho Carlos Magno fizeram generosas doações de terras e outros bens ao papado, que se tornou extremamente poderoso e rico. E os papas que eram submissos e controlados pelos imperadores passaram a dominá-los e sobre eles exercer poder e domínio. Antes os imperadores escolhiam os papas. A partir de então os papas passaram a escolher os imperadores.

Com a hegemonia política e religiosa a igreja abandonou os princípios bíblicos do Evangelho Eterno. Colocou a tradição – a mesma que Jesus condenou (Mateus 15:6) – na mesma condição de importância que a Bíblia Sagrada. Paulatinamente foi substituindo a verdade dos profetas e apóstolos hebreus pelas teorias dos filósofos gregos. O ritual pagão tomou conta da religião cristã. A idolatria explícita que a igreja adotou é chamada pelas Escrituras de prostituição.

A igreja é representada por uma mulher prostituída, que se diz profetiza, mas que engana os servos de Deus, comendo dos sacrifícios da idolatria. A mulher-igreja prostituída se deita com os reis e grandes da terra, mas no final acarretará sobre si terríveis castigos. É imensa a relação das falsas doutrinas herdadas do paganismo e que constituem o que a Bíblia chama de “o vinho de sua prostituição” (Apocalipse 2:2:20 e 17:1-2 e 4-6; Jeremias 51-7; Ezequiel 16:32).

Nesse período a mullher-igreja perseguiu e matou milhões de pessoas que se lhe opunham ou que não aceitavam a sua orientação e que por isso chamava de hereges, mas que as Escrituras chamam de “santos do Altíssimo” (Daniel 7:25). Enriqueceu “vendendo” por dinheiro a salvação e o perdão de pecados através das indulgências.

Santificou através de decreto humano mais de 11.000 pessoas – a maioria pertencente a famílias ricas e importantes que se destacavam por sua influência e prestígio, e que foram colocados como substitutos e intercessores em lugar do único Intercessor autorizado e revelado pela Bíblia, Jesus Cristo (Atos 4:12 e I Timóteo 2:5). Chamados de santos, passaram a ser reverenciados e muitos até mesmo adorados, tendo o poder de realizar milagres e atender orações, como se fossem pequenos deuses.

 Nesse período a igreja mudou e subverteu a sagrada lei de Deus. Instituiu a diabólica doutrina do sofrimento eterno, por meio de um inferno que não existe na Bíblia Sagrada e nem nos planos de Deus. Patrocinou traduções e interpretações espúrias do texto sagrado para legitimar suas falsas doutrinas. Sustentou terríveis blasfêmias, como a de que pode ouvir confissões e perdoar pecados, sendo seu dirigente maior, chamado papa, declarado legítimo substituto e representante do Filho de Deus.

 Estabeleceu a doutrina da imortalidade da alma, inventada pelos egípcios e que foi herdada e copiada pelos gregos, em franca contraposição à firme declaração de Deus de que pela desobediência a alma certamente morrerá (Gênesis 2:17 e Ezequiel 18:20). Deixando a Palavra de Deus seguiu a palavra de Satanás (Gênesis 3:4), pela qual a alma não pode morrer e com a qual procura ainda legitimar a existência do inferno, purgatório e dos santos intercessores.

Conforme o testemunho da História o domínio absoluto dos papas prevaleceu durante 1.260 anos. Ele se estendeu do ano 538 até ao ano de 1.798, quando sofreu uma ferida mortal: O imperador da França, Napoleão Bonaparte, por razões políticas, mandou seu exército invadir Roma e destronar o papa Pio VI, que foi exilado para a cidade francesa de Florença, onde morreu dois anos depois. Durante esse período a igreja ficou sem papa.

Severas críticas e condenação foram dirigidas contra essa igreja, pelo fato de ensinar o erro e desviar os servos de Deus com a prostituição dos seus enganos, com a mudança dos ensinamentos bíblicos e com a sua idolatria. Foi comparada com Jezabel, a tristemente célebre mulher que foi uma das mais ferrenhas e cruéis inimigas do povo de Deus no passado, nos tempos do Antigo testamento.

Essa igreja sofreu tremendo abalo com a reforma protestante, liderada pelo padre católico Martinho Lutero, no ano de 1.534, que deu início ao quinto período da igreja cristã, a igreja de Sardes. Os dois períodos ainda hoje são representados e continuarão assim até à consumação final.

(Os três últimos períodos da igreja cristã terão sequência brevemente, com a graça de nosso Deus).

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