segunda-feira, 8 de abril de 2013

APOCALIPSE SIMPLIFICADO: Parte 3



A TRAJETÓRIA DO CRISTIANISMO NA HISTÓRIA – AS SETE IGREJAS - Primeira parte

O cristianismo é hoje a maior força religiosa do planeta. Mais de dois bilhões de pessoas ou cerca de um terço das pessoas no mundo são - ou se dizem - cristãos. Mas ao fazermos uma análise séria e crítica podemos notar o imenso abismo que divide os milhares de correntes que compõem este segmento religioso. Na verdade parece mesmo que não existe um Cristo, mas uma infinidade de “cristos”, tal a diversidade dos ensinos e das doutrinas que assombram um expectador isento que procure entender ou compreender a razão de tantas diferenças de cultos, práticas e dogmas existentes entre seus seguidores.


Existe hoje, entre tantas igrejas, uma que seja a igreja verdadeira, estabelecida pelo próprio Jesus ou por Ele reconhecida? A resposta está na própria Bíblia e é Jesus mesmo quem a fornece. Ao final desse estudo ela será percebida, sem nenhuma dúvida, provida por Sua Palavra Sagrada.

Mas nem sempre foi assim. No princípio Jesus chamou de “igreja” à comunidade dos seus discípulos e seguidores. Eles eram reconhecidos por seu comportamento manso e afável e honestidade exemplar, imitadores que eram de seu Mestre. Seu reino não era deste mundo, mas era aquele que Jesus fora preparar, o qual aguardavam segundo a Sua promessa (João 14:1-3).

A igreja primitiva foi rotulada de “seita: “Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas” (Atos 24:14). E com o propósito de desacreditá-la e lançar sobre ela escárnio e vitupério, seus inimigos e detratores chamavam-na de “ a seita dos Nazarenos”. Perseguindo o apóstolo Paulo, assim o acusavam: “Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos nazarenos” (Atos 24:5).

Deus antecipou a trajetória de seu povo desde aquela época até ao final de sua história na terra, no livro do Apocalipse. É inspirador o fato de que em tão poucas linhas a presciência divina resumiu os principais acontecimentos que marcaram o percurso de Sua Igreja através dos séculos. Por meio de sete cartas a igrejas simbólicas ele descortinou o seu futuro que chega até nós e vai mais além, até a consumação final.

Na primeira carta Jesus retratou a pureza dos tempos apostólicos, escrevendo à igreja de Éfeso (Apocalipse 2:1-7), cujo período se estendeu até ao final do primeiro século, por volta do ano 100, quando morreu o último dos apóstolos, aquele que foi o escolhido para transmitir a mensagem do Revelador - João, conhecido como o discípulo amado.

Foi nesse período que os seguidores de Jesus foram pela primeira vez chamados  cristãos na cidade de Antioquia, ainda no primeiro século (Atos 11:26).

A segunda carta, destinada à igreja de Esmirna (Apocalipse 2:8-11), revela a grande tribulação que estava reservada aos seguidores de Jesus. Os cristãos eram então, por causa de seu testemunho, impiedosamente atirados às feras no circo romano, crucificados, queimados e violentados.

 Nessa carta é mencionada literalmente a maior e mais sangrenta de todas as perseguições imperiais, chamada de “a Grande Perseguição”, dirigida pelo imperador Diocleciano, que durou dez longos e terríveis anos, desde 303 até 313. Mesmo debaixo das maiores provações a igreja permaneceu fiel, ainda que contaminada por muitos falsos cristãos que se diziam pertencentes à igreja de Cristo, mas na verdade era a sinagoga de Satanás.

No ano de 313 cessaram as perseguições e findou o segundo período profético da igreja cristã. Um edito imperial fez cessar todas as perseguições. Era o início do terceiro período profético da igreja.

A terceira carta, dirigida à igreja de Pérgamo, marca o início da elevação da igreja, em todos os sentidos - menos o espiritual - ou a dramática mudança da sua condição de pobreza, pureza e objeto de escárnio e perseguição, para a de riqueza, honra e poder. Esse período tem início com a conveniente “conversão” do imperador Constantino ao cristianismo.

O Edito de Milão, promulgado por Constantino em 313 e conhecido como Edito daTolerância concedeu liberdade de culto a todas as religiões. O próprio imperador, por conveniência política, aderiu ao cristianismo, assumindo a liderança da igreja cristã e sendo reconhecido como o Décimo Terceiro Apóstolo, mesmo sendo um homicida cruel, licencioso e sanguinário. O imperador romano detinha, então, entre os seus títulos, o de Pontífice Máximo.

Nesse período do cristianismo, que ficou conhecido como o período dos imperadores, as práticas pagãs começaram a corromper a igreja. As imagens dos deuses foram sendo substituídas pelas dos apóstolos e líderes destacados, considerados santos. Todas as práticas e rituais do paganismo foram sendo paulatinamente absorvidos pela liturgia do novo cristianismo. A igreja que era apostólica e cristã trocou o nome do Seu fundador – Cristo - e o substituiu pelo nome do seu sedutor - Roma.

No dia 7 de março do ano 321 Constantino promulgou um decreto estabelecendo a obrigatoriedade de todo cidadão do império guardar o dia do sol - o primeiro dia da semana. Este decreto fez com que a guarda deste dia substituísse paulatinamente o dia de guarda até então observado – o sábado, ou o sétimo dia da semana.

O chamado Édito de Constantino foi uma legislação proclamada em 7 de março de 321, cujo texto determina:

"Que todos os juízes, e todos os habitantes da Cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu." (in: Codex Justinianus, lib. 13, it. 12, par. 2.).


Esse imperador foi quem convocou e presidiu o primeiro concílio da igreja de Roma, em Niceia - no ano de 325 - que entre outros dogmas estabeleceu o credo niceno, que perdura até hoje e incluiu entre as doutrinas da igreja o dia que ele havia decretado que deveria ser observado e guardado - o primeiro dia da semana, ou o venerável dia do deus-sol, confirmando na esfera religiosa o que decretara na esfera civil.


Posteriormente, o Concílio de Laodiceia, realizado no ano de 364 reconfirmava a guarda do domingo que foi definitivamente incorporada à igreja e anatematizava a guarda do sábado através do Cânon 29, que estabelece: “Os cristãos não devem judaizar e descansar no sábado, mas sim trabalhar nesse dia; devem honrar e descansar se possível, como cristãos. Se, entretanto, forem encontrados judaizando, sejam excomungados por Cristo”. Esta é uma verdade histórica que não pode ser negada, mas que está firmemente registrada nas enciclopédias e compêndios históricos. A Wikipedia a registra. Basta seguir o link e comprovar o que está firmemente descortinado na História.

Esta carta afirma que nessa igreja - e nesse período - Satanás estabeleceria o seu trono e ali habitaria. O que ele não conseguira pela crueldade e perseguição atroz, obteve pelo engano e pela sedução, levando prosperidade, honra e poder aos líderes cristãos. Poucos anos depois, em 380, o Imperador Teodósio I tornou o cristianismo a religião oficial do império romano, pelo Edito de Tessalônica.  Este imperador foi quem determinou que fosse acrescentada a expressão católica - que significa universal - ao nome da igreja.

Foi quando a igreja deixou de ostentar o nome do seu fundador e passou a ser chamada pelo nome do seu sedutor. Daí o nome que perdura até hoje: Igreja Católica Apostólica Romana.

Os imperadores dominaram sobre a igreja até ao ano de 538, a partir de quando houve uma inversão do poder e da hegemonia. Como já citado, o Édito de Tessalônica, também conhecido como "Cunctos Populos" ou De Fide Catolica foi decretado pelo imperador Teodósio em 27 de fevereiro de 380 pelo qual estabeleceu que a "religião católica" se tornasse a religião de estado exclusiva do Império Romano, que fossem abolidas todas as práticas politeístas e que fossem fechados os templos pagãos.

Foi um período de tão grande apostasia que Jesus identifica sua localização no tempo e no espaço como sendo o lugar onde está o trono de Satanás.  De todos os imperadores desse período os que mais se destacaram em sua influência com relação à igreja foram Constantino, Teodósio e Justiniano. Nessa época os bispados mais importantes e que se rivalizavam na disputa pelo poder eram os das cidades de Roma, Constantinopla, Jerusalém, Alexandria e Antioquia.

Um decreto do imperador Justiniano determinou, no ano de 533, que o Bispo de Roma tivesse predominância sobre todos os outros e que fosse considerado como “cabeça de todas as igrejas”. Este decreto não teve eficácia e cumprimento imediato porque a cidade de Roma era então objeto de terrível oposição e assédio por parte de invasores bárbaros germânicos, a nação dos ostrogodos. Sua ariana os fazia mortais inimigos do clero romano. A derrota dos ostrogodos marca o fim do período de domínio dos imperadores sobre a igreja e inicia o início do quarto período, o de domínio dos papas.

A quarta carta, destinada à igreja de Tiatira (Apocalipse 2:18-29) identifica o período de domínio dos papas. Ele começou no ano 538 quando entrou em vigor o decreto do imperadorJustiniano, promulgado em 533, determinando que o bispo de Roma fosse “cabeça” de todos os bispados do império.

No mês de março de 538, quando os ostrogodos foram derrotados ao sitiar a cidade de Roma, foi derrubada a última barreira para a definitiva ascensão do seu bispo à condição de chefe universal da igreja. Os bispados de Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Jerusalém que lhe faziam frente estavam pacificados. Os reinos bárbaros arianos que lhe eram contrários – hérulos, vândalos e ostrogodos - estavam definitivamente vencidos. Todos os obstáculos ao seu domínio estavam derrubados. Começava o mais longo – e o mais triste - período da igreja, que é conhecido como o período dos papas, que durou até o ano de 1.798.

Clóvis, ou Clodoveu, o rei dos francos (a França atual), converteu-se ao cristianismo-catolicismo com todo o seu poderoso exército e armou os braços do papado em ascensão. Seus sucessores, especialmente Pepino, o Breve e seu Filho Carlos Magno fizeram generosas doações de terras e outros bens ao papado, que se tornou extremamente poderoso e rico. E os papas que eram submissos e controlados pelos imperadores passaram a dominá-los e sobre eles exercer poder e domínio. Antes os imperadores escolhiam os papas. A partir de então os papas passaram a escolher os imperadores.

Com a hegemonia política e religiosa a igreja abandonou os princípios bíblicos do Evangelho Eterno. Colocou a tradição – a mesma que Jesus condenou (Mateus 15:6) – na mesma condição de importância que a Bíblia Sagrada. Paulatinamente foi substituindo a verdade dos profetas e apóstolos hebreus pelas teorias dos filósofos gregos. Os ritos pagãos tomaram conta da religião cristã. A idolatria explícita que a igreja adotou é chamada pelas Escrituras de prostituição.

A igreja é representada por uma mulher prostituída, que se diz profetiza, mas que engana os servos de Deus, comendo dos sacrifícios da idolatria. A mulher-igreja prostituída se deita com os reis e grandes da terra, mas no final acarretará sobre si terríveis castigos. É imensa a relação das falsas doutrinas herdadas do paganismo e que constituem o que a Bíblia chama de “o vinho de sua prostituição” (Apocalipse 2:2:20 e 17:1-2 e 4-6; Jeremias 51-7; Ezequiel 16:32).

Nesse período a mulher-igreja perseguiu e matou milhões de pessoas que se lhe opunham ou que não aceitavam a sua orientação e que por isso chamava de hereges, mas que as Escrituras chamam de “santos do Altíssimo” (Daniel 7:25). Enriqueceu “vendendo” por dinheiro a salvação e o perdão de pecados através das indulgências.

Santificou através de decreto humano mais de 11.000 pessoas – a maioria pertencente a famílias ricas e importantes que se destacavam por sua influência e prestígio, e que foram colocados como substitutos e intercessores em lugar do único Intercessor autorizado e revelado pela Bíblia, Jesus Cristo (Atos 4:12 e I Timóteo 2:5). Chamados de santos, passaram a ser reverenciados e muitos até mesmo adorados, tendo o poder de realizar milagres e atender orações, como se fossem pequenos deuses.

 Nesse período a igreja mudou e subverteu a sagrada lei de Deus. Instituiu a diabólica doutrina do sofrimento eterno, por meio de um inferno que não existe na Bíblia Sagrada e nem nos planos de Deus. Patrocinou traduções e interpretações espúrias do texto sagrado para legitimar suas falsas doutrinas. Sustentou terríveis blasfêmias, como a de que pode ouvir confissões e perdoar pecados, sendo seu dirigente maior, chamado papa, declarado legítimo substituto e representante do Filho de Deus.

 Estabeleceu a doutrina da imortalidade da alma, inventada pelos egípcios e que foi herdada e copiada pelos gregos, em franca contraposição à firme declaração de Deus de que pela desobediência a alma certamente morrerá (Gênesis 2:17 e Ezequiel 18:20). Deixando a Palavra de Deus seguiu a palavra de Satanás (Gênesis 3:4), pela qual a alma não pode morrer e com a qual procura ainda legitimar a existência do inferno, purgatório e dos santos intercessores.

Conforme o testemunho da História o domínio absoluto dos papas prevaleceu durante 1.260 anos. Ele se estendeu do ano 538 até ao ano de 1.798, quando sofreu uma ferida mortal: O imperador da França, Napoleão Bonaparte, por razões políticas, mandou seu exército invadir Roma e destronar o papa Pio VI, que foi exilado para a cidade francesa de Florença, onde morreu dois anos depois. Durante esse período a igreja ficou sem papa.

Severas críticas e condenação foram dirigidas contra essa igreja, pelo fato de ensinar o erro e desviar os servos de Deus com a prostituição dos seus enganos, com a mudança dos ensinamentos bíblicos e com a sua idolatria. Foi comparada com Jezabel, a tristemente célebre mulher que foi uma das mais ferrenhas e cruéis inimigas do povo de Deus no passado, nos tempos do Antigo testamento.

Essa igreja sofreu tremendo abalo com a reforma protestante, liderada pelo padre católico Martinho Lutero, no ano de 1.534, que deu início ao quinto período da igreja cristã, a igreja de Sardes.
Os dois períodos ainda hoje são representados e continuarão assim até à consumação final.

(Os estudos sobre os três últimos períodos da igreja cristã terão sequência brevemente, com a graça de nosso Deus).

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